sábado, 6 de julho de 2013

esperançar



É engraçado como a gente espera que a esperança nos espere.
Numa esquina qualquer, pra servir de leito -
e como a gente espera: abraça as pernas na frente do espelho e espera que ele nos mude, que a gente mude, que o mundo mude e vire-se pro nosso espelho.
Tolice.
Na verdade, ela é apenas uma bengala.
Não para esperar, mas para ser esperada.

A gente espera que a pedra no meio do caminho seja inquebrável, gigante, do tamanho do nosso medo de passar por ela. Ela não passa, na verdade, de um monte de areia, óras, que é só soprar - não com força demais para voar pro caminho ao lado, nem com força de menos para que ela fique no seu, mas com força suficiente para que ela fique menor, menor e menor. Olha só, virou um grão. Um monte deles.Viu? É simples, é só ter a esperança certa.

"Como assim 'certa'?"

É. Porque tem esperanças e esperanças.

Uma é do verbo esperar, e esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar, sim, é fortaleza. É se levantar, é ir atrás, é se quebrar, se juntar, e continuar. Esperançar é levar adiante os restos, os grãos de areia e montar tudo num só.

o trecho da foto é do livro Não se desespere, do Mário Sérgio Cortella. E, claro, tem muitas outras belezas no Grifei num Livro.

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