segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

amor, suor e sorte


Consegui reunir, e simplificar, o que representa pra mim as três coisas mais importantes de se ter na vida, pra seguir em frente.

Amor.

Por todas as coisas, por cada pessoa. Por momentos especiais, por lugares especiais, por memórias especiais. Amor em forma de carinho, em forma de saudade, em forma de paixão. Amor em forma de arte, de palavra, de foto, de viagem. Amor em forma de tatuagem, de presente, de família. Amor para acordar todos os dias e ter um motivo pra sair da cama. Amor para seguir em frente.

Suor.

É o resultado da força que a gente precisa para viver. A força é o que nos garante em pé e caminhando. É o que nos faz vencer. E o suor é o que mostra que essa força é de verdade, é intensa, verdadeira. Suor é tudo aquilo que nós depositamos energia, aquilo que nós acreditamos. O suor é mais do que aquele que escorre pela pele em momentos de alegria, euforia, prazer. É aquilo que nós depositamos em tudo que vale a pena, que vale o nosso esforço. E sem o suor não dá pra seguir em frente.

Sorte.

Por tudo aquilo que nós não conseguimos controlar. Por tudo que não está ao nosso alcance. Por tudo que nós precisamos desejar, rezar, pedir. Um golpe de sorte pode mudar uma vida, uma história. Todos nós precisamos de sorte na vida. A sorte de um amor verdadeiro. A sorte de um suor que vale a pena. A sorte pela sorte. Porque com o amor e o suor nós conseguimos mover tudo que queremos e podemos. Mas só a sorte pode jogar do lado do inesperado. E o que seria da vida sem o medo? A sorte é o frio na barriga para seguir em frente.

E podem dizer que tem muito mais coisas necessárias para a vida. Mas,  pra mim, todas elas se resumem nessas curtas e simples palavras. Saúde? Dinheiro? Fé? Sucesso? Felicidade? Tudo isso é uma questão de amor, suor e sorte nas devidas proporções.

E, se nesse clima de final de ano, eu pudesse mandar uma mensagem para todo mundo, daquelas de prosperidade, eu desejaria exatamente isso: amor, suor e sorte na medida certa para a vida seguir em frente.
 


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

esta não é uma história de amor



Calma. Espera. Deixa eu organizar o que quero dizer.

Naquela noite, Clara voltara cedo pra casa, porque era muita coisa dentro de si para suportar até às três da manhã. Estava confusa. Sabia que queria dizer, mas não sabia como. Ligar? Pessoalmente? Um e-mail? Um sinal de fumaça, talvez? Quem sabe uma carta? É, nada tradicional.. era tarde mas, ainda assim, ela pegou um lápis, um papel, e começou.

Eu deveria tirar a maquiagem antes de dormir, mas ela ainda está intacta. Sem borrar ao dançar, ao cochilar ou ao chorar. Até porque, eu não chorei. Você não me viu chorar, apesar da minha vontade. Você não me ouviu reclamar, muito menos xingar, apesar da minha vontade. É um volume muito grande de vontades reprimidas para uma noite, uma semana, um mês. Mas é que, sei lá. Isso tudo, todo esse "medo" do nada-acontecer ou do tudo-acontecer-rápido-demais tem me deixado cansada. 

Eu não preciso de você, e nem você de mim. Talvez por isso as coisas sejam mais complicadas. Eu ouvi todas as suas objeções, entendi todos os seus muros que correm o risco de serem bombardeados a qualquer instante. Gravei tudo, mas não reproduzi nada. Percebeu? Você acha que me conhece pelo meu jeito tranquilo, um tanto quanto esquisito, ou diferente, tanto faz. Posso ser isso mesmo, mas, na verdade, você não sabe nada.

Esse vem e vai deixa um gosto incômodo na minha boca. Valeu a pena deixar o orgulho de lado? Não. Mas não vou negar, vale a tentativa, me deu prazer, foi bom pra mim. Sempre é. Mas depois o gosto incômodo. É sempre assim. No fundo, eu não estava enganada quando te disse que "vocês homens não valem nada". É claro que esse é um clichê ridículo que nem de longe é verdadeiro. Entenda que o que eu quis dizer é que eu sabia como ia acabar. Bem no fundo eu sabia, ou tinha me programado pra esperar isso. Entende o porquê da minha insistência? Porque eu queria estar errada. Eu nunca te disse como é difícil pra mim demonstrar sentimentos. E olha que sou eu quem gosta de poesia. Nem pense também que isso é grande coisa, só pra mim. Pode dizer o que quiser: chata, antiga, demodê. Azar o seu, eu não ligo.

Pra ser sincera, o azar é seu em todos os sentidos, nessa história toda. Porque você é burro, meu caro, burro. Lembra daquela história de eu gostar de você, me importar com você, ter medo por você? Então, esquece. Claro que eu vou ouvir aquela banda foda que você me mostrou e vou lembrar, como eu to fazendo agora, mas isso é...bobagem. Eu só ainda to na dúvida se é tu me virar as costas e sair sem sequer dizer alguma coisa decente, ou ter sido mais um que saiu que ta me incomodando mais. Na real, nada foi bom, mas, não me leva a mal, eu acho que a segunda aperta mais. 

Eu acho, às vezes, que seria mais produtivo perseguir pombos em praça pública. Não? Bem, eu só queria dizer que, apesar desse seu jeito todo iceberg de ser, eu te acho um cara legal. Mesmo. E mesmo que tu não concorde com isso. Tu é um dos melhores caras entre os piores que já conheci. Ou o pior entre os melhores. Não sei. 

Não sei quando ou se a gente vai se falar de novo... então... se cuida, okey? Vê se desfaz esses muros e, já que tu não vai mais me mandar relaxar, pega pra ti o conselho. Aposto que pode ser útil.

Ah, mais uma coisa, fica tranquilo que isso não é uma declaração, um pedido de paz ou algo do tipo. É só um pouco, talvez, do que eu quisesse dizer agora. Não dá bola, assim que meu ataque trevoso de angústia cessar, eu sei, vai ta tudo bem. Na verdade, ta tudo bem. E, por mais que eu não costume concordar, tenho que admitir que parece ser, sim, melhor assim.

Clara releu tudo o que acabara de escrever.
Rasgou o papel, tomou um copo de água e foi dormir.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

entusiasmo crônico




Eu me sinto feliz quando encontro algo como isso em algum post antigo, porque é algo com que me identifico profundamente. No Caderno do Estadão do dia 31/08, uma terça-feira, sobre Fernando Meirelles: 

Fernando Meirelles sofre de entusiasmo crônico. Como ele já admitiu, volta e meia é arrebatado por uma alegria que o faz ter vontade de avançar sem medir obstáculos. "Quando a onda passa, já estou comprometido e aí, às vezes, vem o arrependimento. Mas sigo em frente. Com a idade, aprendi a controlar isso e sei que, mesmo quando vem a baixa, uma hora vou pegar a onda novamente. Se num momento me entusiasmei, é porque algo ali falou com alguma parte dentro de mim. Então, vale a pena ser investigada" - disse o diretor.

esta foto é do fotógrafo Jaime