Este final de semana tem sido atípico. Choveu tanto, mas tanto, que eu acho que ela levou consigo muito mais do que aquele abafamento dos últimos dias. Lavou lá fora e lavou aqui dentro também; essa agonia, esse sufoco que põe a gente pra baixo e só aflora nos dias de chuva.
O lá fora fica tão melancólico. Tão desafiador. A chuva me traz lembranças, algumas saudades, algumas vontades, e um sentimento muito profundo que, à noite, transborda. Nessas horas eu adoraria saber tocar violão. Esta é uma das coisas que está no topo da minha lista "O que fazer depois do vestibular": aprender a tocar violão. Sempre quis aprender; nunca me esforcei o bastante para tanto. Mas ele me pareceria perfeito para um final de semana chuvoso como o que passou. As cordas vibrando no ritmo do vento ao dedilhar uma daquelas canções que falam por si só, que expressam tudo aquilo que você gostaria de dizer. Sem pensar, instintivamente e, muito provavelmente, me veria chorando entre uma nota e outra. Sensibilidades que apenas a chuva traz. Lágrimas que rolam pelo rosto para acompanhar aquelas que brincam na janela. Minuciosas, vão desenhando sua forma por onde passam. Mudam de trajetória conforme o vento, vão parar na vidraça ao lado, na madeira ou na boca. Um gostinho levemente salgado. Salgado como o dia chuvoso, um dos poucos com cara de inverno de verdade.
Por enquanto, ficamos só eu e meu bom e velho Machado de Assis. Já é segunda-feira, e lá fora chove.
e na linda voz de Maria Gadú, essa música ainda mais linda
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