sexta-feira, 10 de agosto de 2012

despertar.


Cinco e quinze da manhã o relógio desperta e você torce para que a hora esteja errada. Confere e calcula que, se dormir mais dez minutos, pode passar o rímel no ônibus. "mas vai borrar.. ah, não dá nada". Resolvido: mais dez minutos.

Cinco minutos passaram e você ainda não dormiu, preso por resquícios do sonho. O que era mesmo?
"que droga, não vou lembrar". Como é difícil lembrar do que passa pela mente enquanto dormimos e, quando lembramos, por que será que alguns são tão estranhos? E outros tão reais? Tão sufocantemente tentadores? Às vezes me preocupa a ideia de que o sonho é o prolongamento do pensamento.

Ainda deitada, passa pela cabeça todas as coisas que 24 horas exigem de você. As pessoas, as aulas, os livros, os cafés, as luzes. As preocupações, as cobranças, os objetivos. E os sonhos: os acordados e os dormidos.

Dez minutos.

O mundo lá fora já começou faz tempo, muito antes do seu celular despertar. Os passarinhos já cantam perto da janela e o cachorro insiste em mostrar aos gatos quem é o dono do pedaço. No centro, as buzinas, a fumaça, as pessoas - todos no devido lugar, no devido horário. O lirismo comedido, bem comportado; o lirismo funcionário público com livro de ponto expediente, protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.


Já passaram quinze minutos e não tem mais jeito, hora de fechar os olhos e criar coragem. Os braços já afastam as cobertas e as pernas, no automático, começam a levar o corpo para cima. O edredom revirado, o travesseiro ainda quente. Tudo perfeitamente desorganizado. Tudo aconchegante, exceto o celular que insiste em gritar te lembrando que é hora de despertar.

e a imagem é daqui.

5 comentários:

  1. Às vezes nossos sonhos nos mostram faces que ainda não havíamos visto, formas que ainda não tinhamos pensado, mas que de qualquer forma nos leva a refletir o porquê de ser como é, de não ser diferente, ou simplesmente por ser indiferente
    Adoro seus textos. Parabéns és uma excelente escritora ^^

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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